"A melodia era triste, invocando um sofrimento doloroso, de um ritmo extasiante, que enlameava a alma e a fazia cair num oceano de vagas sensações, como que perdida num vasto lago de lágrimas pedindo o sussurrar de uma vontade distante. Mas como força desconhecida, a mesma melodia embarcava num novo tom, sendo luz e esperança, rasgando com o passado e criando uma nova realidade, gritante necessidade de uma libertação completa dos sentidos e da alma. Era nova fragrância, queixume passado, desespero rasgado de perfume de vida que agora abraçava a audição. Tal como um trabalho, que por vezes parece completamente distante de nós próprios, depois de alguns fracassos vividos com sofrimento. Um trabalho que parece apodrecido, juntamente com a vontade que nos abandona lentamente, mergulhando-nos num vale depressivo de auto mutilação argumentativa, criação opaca e viscosa, como um fungo que ameaça devastar todo um esforço e caminho já traçados. Com o passar do tempo, sendo abraçados pela presença eterna daqueles que acreditam em nós e estão presentes na chama partilhada de uma invocação, continuamos a acreditar, não da mesma maneira, mas recusamos uma desistência no eloquente campo de batalha. E com as armas erguidas, perante as adversidades, relativas ou não, criamos a nossa própria história, juntamente com aqueles que acreditam no mesmo que nós, com aqueles que são parte de um desejo conjunto."
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